quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

A linguagem da percepção e o mundo!

O estudo dos processos e mecânismos que nos levam a perceber o mundo que nos rodeia é talvez a matéria mais interdisciplinar que conhecemos.
Quais os pontos que unem os signos palpáveis à sua dimensão eterea? O que nos leva a reconhecer similaridades entre umas coisas e outras?

Existe em nós um reflexo “puro” das existências reais, naturais. De onde ele vem? Da natureza, claro. Esse reflexo é impresso na nossa “interioridade” para que possamos penetrar no mundo, percebê-lo, compreendê-lo. Essa impressão é feita através de sons, imagens, sabores, cheiros e texturas. Mas o universo natural é infinito (segundo nos dizem alguns físicos), ou pelo menos incomensurável, e esta razão leva-nos a construir, a partir de unidades mínimas de sentido, unidades mais complexas e outras ainda mais complexas (através da relação entre unidades complexas), e outras, e outras, ad eternum numa tentativa de representar o visível e o invisível.

Continuação

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

O modelo de comunicação como paradigma



Se o que estrutura o pensamento é a linguagem, e a linguagem é sempre comunicação (de mim para mim, de mim para o outro eu, de mim para os outros, para as coisas ou até mesmo de mim para a linguagem) Então a forma como pensamos a comunicação é o nosso paradigma.

Por exemplo, a forma como Peirce classifica os signos, estabelece a lógica da abdução e a produção de ideias claras está condicionada pela forma como pensa os elementos do processo comunicativo, ou seja, toda a sua teoria está condicionada à relação intrínseca entre o processo comunicativo e a produção de conteúdos.

Jamais poderia Peirce constituir a lógica da abdução se percepcionasse o processo comunicativo tal como Shannon e Weaver.

Se pensamos a comunicação como o processo de transmissão de mensagens e não de criação/ relevância de conteúdos, o nosso pensamento está delimitado por este paradigma, e isso vai impedir que nos debrucemos sobre questões do tipo: Como se faz a introdução da generalidade nos juízos perceptivos? (Peirce, A lógica da abdução)
É por este motivo que não posso concordar com Rodrigo Alsina no que respeita ao carácter essencialmente instrumental dos modelos… Pelo menos dos modelos de comunicação.